Na manhã fria de segunda-feira (18), o comando do navio balizador Comandante Varella despediu-se mais uma vez do Porto de Pelotas rumo a mais uma missão na Lagoa dos Patos, depois de três dias atracado. Junto à administração portuária, a tripulação avaliou o relatório sobre a manutenção dos 400 sinais náuticos feita pelo navio Benjamin Constant, em parceira com o 5º Comando Naval da Marinha.

Para manter em dia a sinalização dos canais de navegação ao longo de 1,2 mil quilômetros quadrados de extensão, em águas de mar e internas entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, os 25 membros da tripulação e os três oficiais deixaram a costa de Rio Grande para navegar pela lagoa. A primeira missão foi restabelecer o farol Cristóvão Pereira, ainda no município. Já em Tavares, a cerca de 200 quilômetros de distância de Pelotas, os marinheiros inspecionaram o farol do Capão da Mata. Por fim, atracaram em Pelotas para o PNboia, ou seja, conferir o posicionamento dos sinalizadores, que são fundamentais para uma boa navegação dos navios mercantes.

O comandante do Varella, capitão-tenente Alexandre Silveira da Silva, conta que, devido ao calado, quem navegar fora pode encalhar. “É por isso que temos a importante missão de, por exemplo, recolocar uma boia em sua devida posição, delimitando o espaço correto de passagem das embarcações mercantes”, ressalta o comandante, diante do mapa náutico que aponta a profundidade de vários pontos da Lagoa dos Patos até Rio Grande. A cada dois anos, as peças são substituídas para a manutenção.

O navio Comandante Varella voltou a Pelotas depois de quatro anos e uma das justificativas está na entrada do calado que dificulta a passagem da estrutura. “Nossa missão é conferir as 39 sinalizações.” O trabalho reflete diretamente na movimentação portuária que - só em 2017 - chegou a 899 mil toneladas. “Se comparada aos quatro primeiros meses do ano passado, a movimentação em 2018 aumentou 30%”, comemorou o administrador do Porto, Cláudio Oliveira.

Próxima parada
Antes de zarpar do Porto de Pelotas, o comandante Alexandre Silva contou à reportagem que a próxima missão é sinalizar o navio oceanográfico Almirante Álvaro Alberto, que pegou fogo em 16 de dezembro de 1992 e está encalhado no meio da Lagoa dos Patos, a 25 milhas da Ponta do Itapoã.

História
Construído no Rio de Janeiro, o navio balizador Comandante Varella é o primeiro de uma série de quatro unidades da mesma classe e foi lançado ao mar em 18 de setembro de 1981. Cinco anos depois, passou a realizar o Serviço de Sinalização Náutica do Sul - manutenção e inspeção do balizamento marítimo nos portos de Rio Grande, Pelotas, Porto Alegre, Laguna, Imbituba, Itajaí e Florianópolis, além do reabastecimento dos faróis da Lagoa dos Patos.